18 setembro 2006

 

O renascimento

Quando você veio para aqui, quem lhe ensinou o que você precisava aprender? Ninguém ou você mesmo?



Quando JR acordou, seu dia já havia terminado. Ele olhou em volta, e percebeu que havia algo estranho no ar. Não era apenas a falta de cheiro das coisas que estavam ao seu redor que o intrigava. Nem tampouco, o silêncio que seus ouvidos insistiam em captar. A temperatura ambiente também era motivo da ausência de sensações. Cada uma dessas coisas, a cada vez que ele pensava nelas. E tudo isso junto, fazia com que aquele momento fosse realmente especial.

O que mais o impressionava eram as cores. Ou melhor, a inexistência delas. Ao seu redor o mundo estava descolorido. Não havia o verde, não havia o azul. Nem o branco, nem o preto. Simplesmente nada tinha cor ali. Por causa disso, era muito difícil determinar os limites de cada coisa. Os contornos eram confusos. Seus olhos vagavam de um lado para o outro, procurando descobrir algo que fosse reconhecível. Seu cérebro era intensamente alimentado pela curiosidade, ou mais do que isso, a necessidade de descobrir.

Como absolutamente tudo era novo para ele, só lhe restara uma opção: inventar. Ele precisava definir o que era o que, dar nomes às coisas que ele pudesse identificar, traçar os limites, desenhar detalhes, enfim, fazer tudo o que sua imaginação permitisse, para que aquele lugar torna-se amigável, e menos inóspito. Para que sua vida valesse à pena.

Como não havia ninguém ali para ensiná-lo, ele foi aprendendo sozinho. Parecia uma tarefa impossível. E a cada progresso que fazia, consigo mesmo, ele comemorava. Em pouco tempo, bem antes do que ele pudera imaginar, um mundo novo abriu-se diante de si.

- Hoje JR, ele pensou consigo mesmo, você tem uma coisa muito importante para fazer. Com todas essas coisas que já aprendeu na vida, compete a você a solução do mais importante problema: o que você vai fazer a partir de agora para dar novas cores à sua vida? Como você pode criar o que está faltando de um jeito que tudo fique ainda melhor?

Então, ele caiu na real. Já havia feito o mais difícil! Construir um novo futuro seria mais fácil. Afinal, tudo era uma questão de saber viver. E isso, ninguém nunca o ensinara. Ele aprendera consigo mesmo.

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